Quando 2021 nascer

Quando nasce um bebê, este parece vir acompanhado de uma certa luz, de um brilho que contagia a todos na casa, na família, e até mesmo entre amigos e vizinhos. Não é mesmo?

Ninguém sabe como será a sua vida: se será boa; ou se terá mais desafios que a maioria das pessoas. Entretanto, mesmo antes de sua chegada muitos pais se pegam a imaginar o que podem vir a ser: Talvez essa criança venha ser um grande líder? E se for, que tipo de líder será? Será alguém amoroso? Será alguém com disposição? Será feliz?

É claro que alguns bebês já nascem com muitas facilidades, enquanto outros não têm muito com o que começar, porém, mesmos dentre esses que nascem sob pouca expectativa, vez ou outra surge alguém que surpreende.  

Só não conseguimos nos furtar este sentimento quente e gostoso que é a Esperança; essa crença que dali pode sair algo bom às vezes expresso até nos nomes que escolhemos para lhes dar.

Penso que, de certa forma, um novo ano parece muito com um bebê. Basta observarmos como o mês de dezembro já vem todo iluminado, cheio de mensagens de esperança e fraternidade. Todo o Mundo parece que brilha como as árvores de Natal. As cidades se enfeitam, as pessoas escolhem suas melhores roupas e se preparam para o Réveillon com luzes, fogos (de preferência silenciosos para não afetar os bichinhos), e muita fartura.

Entretanto, assim como a vida do nosso bebê, todo ano encontra sua parcela de desafios e, da mesma forma, torna-se o resultado daquilo que entregamos a ele somado a algumas surpresas que a sorte pode vir a revelar.

Como esperar confiança, auto motivação, e empenho de uma criança que sofre abusos e sente que tem que estar agradando a todos? Como esperar que uma educação ruim resulte em ciência e sabedoria? Pode-se esperar que a violência ou o abandono resultem em amor?

Para mim, 2020 não está sendo muito diferente de qualquer outro ano: sempre soubemos de corrupção na política; sempre ouvimos falar de guerras e miséria; muitas vidas ainda são perdidas para o tráfego e para a violência, todos os anos; a ignorância, o preconceito, e os absurdos que causam também não são novidade; e a COVID-19 não trouxe a primeira pandemia, tão pouco a doença mais grave que nós, os seres humanos, já enfrentamos. Há inclusive muita gente sabida que aponta novas candidatas à próxima pandemia.

O que este ano trouxe de diferente é que, ao mesmo tempo forçou muita gente a se isolar permitindo que refletissem um pouco mais sobre si mesmas e suas atitudes consigo e para com os outros (e se você não fez isso perdeu um tempo danado!), também expôs uma série de feiuras da humanidade. Pensando um pouco, expôs as feiuras de cada um de nós; expôs, para mim, muitas das minhas feiuras.

Aqui vem o que aprendi em 2020 e quero compartilhar com vocês: Essas feiuras são só capas que cobrem aquilo que há de belo em cada um de nós, capas que foram ora herdadas das pessoas que nos são queridas, ora criadas por nós mesmos como defesa para as intempéries que enfrentamos ao longo da vida. A inveja, a amargura, o egoísmo, e a tristeza são parte do que somos e devemos aprender a aceitá-las como tal, mas não encerram tudo, somos muito mais que isso. 

Como aquele bebê, também trazemos Luz em nosso interior. Basta removermos ou talvez apenas afastarmos um pouco d’aquelas coberturas para que essa Luz possa brilhar. Permitamos, pois, que os outros possam ver essa Luz!

Como? Quem sabe tentando sermos mais compreensivos reconhecendo que também erramos; ou ainda aceitando as diferenças, todas elas (por que não?); também podemos ser mais tolerantes uns com os outros, e com as utopias e ideais de cada um, afinal, todos queremos um Mundo melhor, só discordamos no como; quem sabe ajudando a quem pudermos, e sendo humildes para aceitar a ajuda que precisarmos; aceitar, também, o conhecimento de quem se dedica a adquiri-lo reconhecendo que somos ignorantes em muitos assuntos; e, talvez, evitando julgar a alguém que não seja a si próprio; e ainda, se for para lutarmos, que seja contra a ignorância, os preconceitos e os erros, jamais contra as pessoas, armados apenas com a Verdade, a Justiça e o Conhecimento.

Assim como um pai amoroso ou uma mãe amorosa tentam extrair de si o melhor para seus filhos, façamos isso para o ano que vem, e para todos os anos que seguirem, pois não sabemos o que 2021 nos reserva, porém ele certamente será tão melhor quanto mais pessoas resolverem doar de si o melhor para os outros.

Quem em 2021 sua Luz possa brilhar para toda a Humanidade!


Sapientiæ, Salus, Stabilitas!

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