Às Luzes da Chanukkiah


Não posso dizer que sou judeu; ainda não vivi a cultura nem aprendi a cumprir as mitzvot. Também ainda não trago o kipah cobrindo a cabeça, nunca enrolei um filactério, sigo no esforço de não comer porco e olhe lá o tanto de outras coisas que não conheço. No máximo trago em meus sobrenomes a possibilidade remota de um vínculo que talvez tenha sido a muito furtado. Quem sabe?

Só posso dizer que há uma inquietação, uma insistência em buscar algo que nem sei bem o que é, e que, desde pequeno, parece sempre ter me faltado algo.

Curiosamente, nas últimas semanas, tenho ouvido falar muito em encontrar a essência. E ouvi isso não apenas de rabinos, mas também de esotéricos, cristãos, e até ateus.

Foi então que experimentei acender as velas de uma chanukiah improvisada com taças, reservando uma mais alta para shamash. Com a ajuda de minha esposa e meus filhos que, mesmo sem compartilharem da mesma busca, me acompanharam nas orações meio atrapalhadas e no acendimento das velas.

Acendi as velas dos primeiros dias receando ser desrespeitoso - afinal, não posso dizer que sou judeu - porém, ao ver a foto de irmãos mulçumanos acendendo uma chanukiah, percebi que estas luzes podem iluminar muito mais que os lares judeus ou às suas sinagogas: elas trazem luz a toda a Humanidade.

A cada dia, a cada nova vela acesa, uma nova luz brilhava em meu íntimo. Foi uma experiência única de humildade, de serenidade e de clareza, de união, orgulho e de completude.

No oitavo dia, ao acender todas as velas, da oitava a primeira, disse a minha família: vocês já pensaram que só agora há muitas pessoas reunidas acendendo suas velas, imagine quantas pessoas, judeus e não judeus, as acenderam ao longo da história.

Meu dia findou com a maravilhosa aula do Rabino Gilberto Venturas que trouxe as lições de Yossef HaTzadik (José o Justo), popularmente conhecido como José do Egito.

Mais uma vez foi frisada a importância de ir ao encontro de nossa essência e que, para isso, é preciso remover as cascas que não nos permitem vê-la: a vaidade, a inveja, a frustração, o ódio, ... os traumas e os ressentimentos que colecionamos.

Que lição a do rabinho! E que exemplo o de Yossef!

Enfim, esta semana está terminando com experiências e lições que podem ser vividas e ensinadas a qualquer pessoa de qualquer povo e, por que não, aos bnei anussin, brasileiros e judeus de uma verdadeira Sinagoga Sem Fronteiras.

À minha família, em especial ao meu amor Erika Bezerra Morais Almeida, ao Rabino Gilberto Venturas, a Rabanit Jacqueline Passy Venturas, e a todos os irmãos da Sinagoga sem fronteiras.


Todah rabah!

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